Por que nem sempre as chuvas ajudam a aumentar os níveis dos reservatórios?

Você já deve ter percebido que, apesar das represas paulistas terem subido os níveis nos últimos dias, esses níveis continuam estáticos na maioria das vezes que chove. Todos os moradores rezam diariamente para chover, mas muitas vezes não veem os reservatórios enchendo. Isso acontece por vários motivos que vamos explicar aqui!

A primeira parte a se levar em consideração é que a falta de água não acontece apenas pela falta de chuva. É verdade que passamos por um grande período seco, mas é normal que acontecem períodos de seca e estiagem e os levantamentos feitos no Estado desde o século XIX provam isso.

Com isso, sabemos que a chuva não é a única culpada pela falta de água, mas ela poderia ser uma grande ajuda para superar a crise. Então, por que nem sempre as chuvas ajudam a aumentar os níveis dos reservatórios?

Primeiramente, boa parte das chuvas deste começo de ano passaram bem longe dos reservatórios paulistas. Pudemos ver um grande contraste em todos os jornais por dias: enquanto as ruas das cidades, principalmente da capital, alagavam, o clima continuava sem um pingo do céu próximo às represas.

Mas não é apenas a chuva nas represas que faz o volume de água voltar a subir. Os níveis dos reservatórios depende de vários fatores, entre eles a chuva nas represas. Porém, é preciso chover também nas nascentes. A chuva nas regiões de cabeceira enchem o lençol freático e aumentam o volume das nascentes. E vimos diversas nascentes secarem nos últimos meses.

Além destes problemas com a falta de chuva nos locais certos, ainda existem duas adversidades que contribuem para que os níveis dos reservatórios não subam mesmo com chuva.

Solo exposto

Outro problema que agrava a seca nos reservatórios é o solo exposto. Em alguns locais, a água acabou e o solo ficou completamente exposto, recebendo toda a caloria do sol. Quando isso acontece, leva muito tempo para a água voltar a represar porque a água da chuva entra no solo e vai direto aos lençóis freáticos.

Em muitos casos, é preciso que passem décadas até que o solo se torne impermeável, depois de muita chuva, e a água volte a represar. Assim, a queda dos níveis de água não dependem apenas da quantidade de chuva, mas da situação atual dos reservatórios.

Apesar da situação ser crítica no Estado, foram poucos os pontos das represas paulistas em que o solo ficaram expostos. Por isso, com a grande quantidade de chuva em fevereiro, muito superior ao esperado, os níveis voltaram a subir.

Alta vazão

Além da falta de chuva e o solo exposto, o alto consumo de água também prejudica muito os reservatórios. Até pouco tempo atrás, a retirada de água do Sistema Cantareira era de 31,8 m³/segundo. Isso é, a Sabesp retirava 31,8 mil litros de água por segundo do sistema.

Segundo o Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, essa vazão caiu para 14 m³/s, menos da metade do consumo anterior. Um dos principais motivos para a redução no consumo é a redução de pressão nas tubulações.

Com o consumo de água alta, as chuvas de pouco adiantam para aumentar os níveis dos reservatórios. Elas podem dar um alívio imediato, mas nada além disso.